10 de novembro de 2008

Romântica de António Botto

Rasgaram as névoas
Que há pouco embrulhavam
As margens lendárias do rio Mondego;
As águas acordam
E ficam pasmadas
Reflectindo o azul da manhã radiante...


Sinto-me tão perto de tudo que é triste
Que os meus olhos sofrem
Com esta alegria - talvez provocante.


Coimbra, serena, mostra o seu contorno
Airosa e gentil - como fascinada
Na luz que é mais viva, difusa, doirada...


Tudo nela canta no alto silêncio
Das coisas divinas que falam do amor;
- Aqui, uma folha que tombou na aragem,
Mais além, uma flor...


Altiva -
Guarda na história dos tempos
A lembrança diluída
Dos seus romances guerreiros
Mesclados de sonho.
E a paisagem nua
Mais lúcida e bela,
Recortada e linda
Nesta claridade... - o dia floresce,
Aumenta - e as águas,
Translúcidas, verdes
- São verdes agora!
Ganham movimento,
Têm vibração,
Murmuram,
E passam
- Como aquela voz que encheu de saudade
O meu coração


1 comentário:

helia disse...

Lindo...Coimbra é sempre Coimbra, uma cidade romântica, de beleza e tradições, dos estudantes, das serenatas, embora muitas dessas tradições se vão apagando a pouco e pouco...

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smiles
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