29 de janeiro de 2009

Israel e os seus derivados por José Saramago

O processo de extorsão violenta dos direitos básicos do povo palestino e do seu território por parte de Israel tem prosseguido imparável perante a cumplicidade ou a indiferença da mal chamada comunidade internacional. O escritor israelita David Grossmann, cujas críticas, em todo o caso sempre cautelosas, ao governo do seu país têm vindo a subir de tom, escreveu num artigo publicado há algum tempo que Israel não conhece a compaixão. Já o sabíamos. Com a Tora como pano de fundo, ganha pleno significado aquela terrível e inesquecível imagem de um militar judeu partindo à martelada os ossos da mão a um jovem palestino capturado na primeira intifada por atirar pedras aos tanques israelitas. Menos mal que não a cortou. Nada nem ninguém, nem sequer organizações internacionais que teriam essa obrigação, como é o caso da ONU, conseguiram, até hoje, travar as acções mais do que repressivas, criminosas, dos sucessivos governos de Israel e das suas forças armadas contra o povo palestino. Visto o que se passou em Gaza, não parece que a situação tenda a melhorar. Pelo contrário. Enfrentados à heróica resistência palestina, os governos israelitas modificaram certas estratégias iniciais suas, passando a considerar que todos os meios podem e devem ser utilizados, mesmo os mais cruéis, mesmo os mais arbitrários, desde os assassinatos selectivos aos bombardeamentos indiscriminados, para dobrar e humilhar a já lendária coragem do povo palestino, que todos os dias vai juntando parcelas à interminável soma dos seus mortos e todos os dias os ressuscita na pronta resposta dos que continuam vivos.

3 comentários:

Riscos e Rabiscos disse...

Israel pretende o extermínio do povo palestiniano... tantas guerras, tantos massacres, tanta arrogância perante os iguais, tanta perversidade perante o poder... é escandaloso que não haja limites legais para tamanha "falta de compaixão", chamemos-lhe assim...

Violeta disse...

A arrogância paga-se caro. Que pena que Israel tenha esquecido o sabor da injustiça... a história pode vir a massacrar o seu povo.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

... bem -haja por não deixar passar esta guerra diária, e por não pactuar com o silêncio de muitos , e arrogãncia de certos cretinos de opinião...
Abraço
____________ JRMARTO

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